quinta-feira, 14 de abril de 2016

FEITO FILME DO FELLINI


(Mercedes Bellido)



Era um sonho tão bonito o dessa noite meu amor e você estava nele e ele começava assim: Dentro de um imenso galpão, um lugar que bem poderia ser um complexo esportivo ou um estúdio de cinema, mas dentro desse galpão havia várias quadras de esporte e nessas quadras as pessoas jogavam tênis, squash e queimado e o mais curioso era que todos eles jogavam sem bola os seus esportes e riam e pareciam dizer que a bola era só um detalhe.

A bola, a vida, os filmes são só um detalhe se não houver alguém do nosso lado. Era o que pareciam dizer com todo aquele balé coreografado e divertido. Mas aí tem aquele filme italiano em que o protagonista vê um grupo de mímicos jogando tênis sem bola... Você não viu esse filme mas tem que ver... Tem que ver porque eu tenho lá em casa e se você não estiver comigo para vê-lo eu vou dormir por estar assistindo-o sozinho e se dormir só não vou sonhar como hoje a noite. 

Eu então me juntava a eles e jogava o jogo deles e até acertava uns três no queimado e conseguia uns dois smashs no tênis e era bem fácil acertar alguém sem a bola ou marcar pontos, coisas de sonho. E eu olhava para o teto desse lugar e o céu todo estava estrelado. Daí alguém dizia que eu tinha sido acertado no queimado imaginário ao olhar para cima e tinha que sair.

Saia do complexo de quadras esportivas e passava por uma infinidade de cafés ou de replays do mesmo café, desses cafés que vemos nesses filmes italianos e franceses e que parecem só existir lá, nos filmes italianos e franceses e nos sonhos que sonhamos depois de ver esses filmes. Um dos cafés ou todos os cafés se chamavam Café da Juventude Perdida, é título de um livro parece, e nesse Café da Juventude Perdida eu entrava.

Como toda a geografia mental dos sonhos, dentro do café havia várias telas de cinema exibindo filmes diferentes. Uma espécie de cinema sem paredes entre as salas. Era imenso.

Em frente a uma dessas telas eu via você sentada, sozinha, com um monte de sacolas de supermercado do lado e eu sabia que você estava me esperando, então sentava do teu lado, te abraçava e você sorria e me pedia silêncio porque estava vendo o filme e o filme era o Moulin Rouge, com a Nicole Kidman, só que eu detesto o Moulin Rouge, e o filme foi me dando um sono um sono um sono, como em todas as vezes que assisto, e nisso eu comentava que estava com sono e te abraçava e dizia que não era muito chegado em musical e deitava no seu colo e então dormia o sono mais puro que alguém pode sonhar. Daí acordava. E agora estou te esperando acordar para te contar esse sonho mas com medo de perder os detalhes.

Nas suas sacolas tinham chocolates.
 Cid Brasil

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