segunda-feira, 13 de maio de 2013

(SONHO AQUI UM BONITO TÍTULO)



 
(Clemens Fantur)
Todo ele acontece dentro de um parêntese (de sonho) de realidade. E nos meus: Sonho com o que nunca vi, tive ou conheci. Mas (sonho) que se não fossem assim ele não receberiam esse apelido (de sonho). São grandes e pequenos os meus (sonhos) que não existem. Confesso que gosto dos mais mesquinhos. Aquele com o apartamento em Paris mobiliado apenas com um colchão de casal e rodeado de livros; com o café em Buenos Aires que não sei se existe, mas existe sim, por que sonho. (Sonho) com o livro que escreverei; com o dia que a moça cinéfila aceitara minhas desculpas. Sonho com (o sonho) que quero ter essa noite, que ainda não sei, mas que seja um contendo esses todos.


Sonho agora, acordado, fora dos parênteses, nestas letras: 


Que não falte energia ou não me falte luz, que essa cidade construa saudades, ainda que para isso todos tivessem de se evadir daqui – incluindo você e eu. Sonho eternas noites de chuva nesse lugar quente, mesmo sabendo que sonhadas ou vividas elas são igualmente tristes. Vejo uma casa por nome de sitio (num sonho?) e com a criança que a habitou. 

Sonho que alguém lê esse texto, com o outro que irá só até aqui e com os vários que o esnobam.


Os que ainda sonharei, sonho também, como com as mulheres e os amigos que ainda terei de sonha-los. Sonho que pelo menos dez universitários saibam o que estão estudando, que vinte adolescentes saibam o que querem e que quarenta crianças da escola onde estudei sonhem com castelos, pirâmides, planetas e constelações; e (sonho) que um adulto está noite se permita todos os clichês em função de outro (ou de um sonho). Que as folhas desse caderninho vermelho não acabem jamais e que o café que agora borbulha por mim esteja bom. Finalmente bom – Vê, sonho pequenininho. E depois de acordar desses, que o dia me traga outros. E durante o dia (sonho) que nunca passe essa doença/obsessão que batizaram: escrever.


(Sonho) com as reprises que já sonhei: Gargalhadas colegiais que fazem quatro meninos lacrimejarem de tanto rir e que me fazem despertar apenas com o choro daquilo que vivi – ou vivemos (ou sonhamos!). Estes por sinal são os únicos que consigo rouba-los para o lado de cá, trazendo sempre no acordar o sorriso – Embora nunca lembre os motivos. (Sonho) um dia ou tarde da infância, onde driblei a melancolia das arvores derrubadas, trafegando entre suas copas caídas. Todas as noites tenho a impressão que sonho ser abraçado por alguém que se foi. Confundo livros, os filmes e as mentiras que ouvi – Sonhando-me dentro deles.


Assim como sonho em ser mais lírico, mais poeta, mais romântico e menos egoísta. Sonho que o dia passe a ter trinta e seis horas mais, mas que o trabalho continue durando estas mesmas oito horas; (sonho) que a bela mulher que vejo retornar todas as noites sozinha, chegue um dia acompanhada; que a família em frente a esse prédio, tenha um natal mais harmônico que o último que vi – ou que o meu; que aquele casal de vendedores de água de coco na Fernandes Lima se reconcilie; (sonho!) em deixar meu irmão e minha mãe felizes, ainda que só acredite na palavra felicidade para esses dois.


E (sonho) que alguém me sonha está noite e amanhã me ligara dizendo “sonhei com você e lá você me fazia sorrir”.

Cid Brasil

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